Notas de alegria e palavras de mentor: conheça a história do trompetista Clark Terry

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Recentemente, assisti pelo Netflix ao documentário Keep on Keepin’ On e fiquei encantado ao conhecer a vida do trompetista Clark Terry. Além do conhecido talento para a música, o artista possuía notável vocação para o Mentoring. Ele foi mentor de alguns grandes músicos como Quincy Jones e teve forte influência na carreira de artistas como Dianne Reeves, Mulgrew Miller e Miles Daves. No artigo de hoje, conto um pouco da história desse homem e da forma como utilizou o Mentoring para ajudar músicos iniciantes.

Quem foi Clark Terry?

Clark Terry nasceu em 14 de dezembro de 1920, em St. Louis, Missouri, e partiu em 21 de fevereiro de 2015. Aos 10 anos de idade, ao ouvir pela primeira vez o jazz da Orquestra de Duke Ellington, ficou tão maravilhado que decidiu que iria tocar trompete. A vontade era tanta que Clark, um dos onze filhos de uma família pobre, construiu seu próprio instrumento com material do lixo. Não aguentando mais o barulho daquele trompete improvisado, os vizinhos do menino resolveram fazer uma vaquinha e comprar um instrumento de verdade para ele.

Clark queria aprender a tocar seu novo trompete, mas, como naquela época não havia livros sobre jazz, ele foi atrás de quem pudesse ensiná-lo sobre o estilo e o instrumento. Os trompetistas mais velhos, no entanto, não foram tão generosos e deram dicas inúteis ao garoto. Foi aí que Clark tomou a segunda importante decisão de sua vida, que determinaria seu jeito de ser mais tarde: não esconderia de ninguém o que aprendesse sobre música.

E ele aprendeu muito. Sua trajetória foi de ascensão. Clark Terry começou na década de 40 com a banda de Count Basie, passando pela banda do seu grande ídolo, Duke Ellington, e a de Quincy Jones. Foi premiado e reconhecido várias vezes, até conquistar o Grammy honorário pelo conjunto de sua obra, em 2010.

Novo sonho: ajudar jovens músicos

Em meio a tanto sucesso, Clark encontrou tempo para colocar em prática a antiga decisão de compartilhar tudo o que aprendesse. “Sempre achei que a coisa mais importante fosse tocar meu instrumento. Mas depois tive um sonho novo: ajudar novos músicos a tornar seus sonhos reais. Essa se tornou minha felicidade suprema e minha maior aspiração”, disse uma vez.

Clark-Terry_mentoring

Com esse espírito de mentor, Clark Terry fundou o “Pequeno Grupo”, formado por jovens estudantes de música da Universidade William Paterson, de Nova Jersey, com quem se reunia semanalmente para tocar e compartilhar os conhecimentos adquiridos ao longo de sua carreira.

Um desses alunos foi Justin Kauflin, um garoto de vinte e três anos que perdeu a visão ainda criança e encontrou no piano sua nova inspiração de vida. Justin e Clark se conheceram no momento em que o veterano começava a perder a visão por conta da diabetes. Essa fatalidade, além da sensibilidade musical e da persistência que tinham em comum, gerou um forte sentimento de identificação entre os dois.

Clark Terry e Justin Kauflin. mentor. mentoring

Justin passava semanas na casa de Clark, onde aprendeu algo mais importante que a própria técnica musical: acreditar em si mesmo. Antes de Justin subir ao palco para uma importante competição internacional de música, Clark enviou-lhe este recado: “Querido Justin, desafios fazem parte da vida, como você sabe. Sua mente é um elemento poderoso. Use-a para pensamentos positivos e aprenderá o que eu aprendi. Acredito em seu talento e acredito em você. Apenas lembre-se disso. Independentemente do que vá tocar, mergulhe fundo em sua alma e diga ‘eu posso fazer o meu melhor e irei fazer o meu melhor’. É tudo que peço”.

Vocação para o Mentoring

É incrível notar como Clark aplicava o Mentoring sem nem perceber. E foi também sem se dar conta do que estava fazendo que apresentou Justin ao grande trompetista Quincy Jones, que fora seu primeiro aluno, seis décadas antes de Justin. A partir do encontro promovido por Clark, Justin foi convidado a integrar a turnê mundial de Quincy. Assim, no final de sua vida, Clark uniu seu último aluno, Justin Kauflin, ao primeiro, Quincy Jones.

Quincy Jones e Justin Kauflin_mentor, mentoring

Intuitivamente, Clark exercia a função de mentor dos seus alunos, pois seus ensinamentos iam além da técnica. Construía uma relação estreita com eles, compartilhando valores importantes como persistência e autoconfiança. “Há milhares de pessoas no mundo capazes de ensinar a raiz quadrada de um si bemol maior, mas não há muita gente que encoraja os outros a dar vida aos seus próprios sentimentos e a produzir aquilo que está dentro de deles. É preciso inspirar e encorajar para fazer as pessoas realizarem aquilo que sabem e, na maioria das vezes, elas mal sabem do que são capazes, até você extrair delas”, acreditava Clark.

Já com seu primeiro aluno, dava para ver em Clark a vocação para o Mentoring. “Não consigo pôr em palavras o que aprendi com Clark (…) Se não fosse ele, eu não teria chegado a gravar tantos discos e filmes e todas as outras coisas, porque seu amor e seu Mentoring me encorajaram a continuar tentando ser melhor. O mais importante que você pode ter como um jovem músico é alguém que acredite em você. Isso faz com que você acredite mais em você mesmo”, falou Quincy, que em sua carreira musical recebeu 27 prêmios Grammy.

A trajetória de Clark Terry é ou não é uma grande inspiração? Você já teve alguém que exercesse o papel de mentor na sua vida? Já foi mentor de alguém? Que tal me contar nos comentários?

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