“Eu me sentia muito só, porque não tinha ninguém para me orientar… Eu queria muito que alguém tivesse chegado para mim e dito: o caminho não é esse. Ou que tivesse feito perguntas estratégicas e me fizesse refletir.”
Mais de 10 anos depois de formada em arquitetura, Tathiane Jordão se reinventou. Hoje, atua como mentora de arquitetos, designers de interiores e engenheiros e vê na sua atividade uma maneira de evitar que outros profissionais passem pela crise que passou. A redefinição da carreira, o método de trabalho que aplica com seus clientes, os planos para o futuro e o mercado de mentoring em Barcelona, onde vive atualmente, são alguns dos assuntos abordados na entrevista para a Série Mentoring na Prática. Confira!
Tathiane, como você conheceu o mentoring?
Atuei como arquiteta, fazendo projetos durante 12, 13 anos e não estava me sentindo completa. Eu estava fazendo muito e tendo poucos resultados de desenvolvimento profissional e pessoal. Eu sempre gostei muito de estudar e de descobrir coisas e também sei quando preciso de ajuda. Então, no começo de 2017, eu vi que não estava feliz, não estava satisfeita e busquei um processo de coaching de performance com Adriana Cavalcante. A partir daí, desenvolvi minha missão de vida, entendi por que fiz arquitetura e entendi a minha real paixão, que são as pessoas e o compartilhamento de informação.
Cuidando do meu escritório, estudando os serviços que desenvolvíamos, percebi que as falhas nos processos estavam diminuindo. Eu comecei com um índice de 35% de falhas. De 35, caiu para 12%, depois para 8%. Então eu voltei para Adriana para buscar uma forma de compartilhar esse meu desempenho com outros escritórios e ela me indicou o Paulo Erlich para que eu aprendesse sobre mentoring, que seria a ferramenta ideal para isso. Foi aí que eu descobri o mundo do mentoring, da escuta empática, das perguntas com significado. Depois do curso eu iniciei o mentoring para outros escritórios de arquitetura e comecei a ter retorno positivo desses clientes.
Você começou a aplicar o mentoring logo após o curso, então?
Na verdade, eu já fazia antes, mas sem metodologia.
Antes do curso, o que você tinha ouvido falar de mentoring?
Nada. Eu só conhecia coaching e consultoria. Então antes o serviço que eu oferecia chamava de consultoria, já que não era coaching. Mas quando a Adriana me falou de Paulo e do mentoring, eu comecei a pesquisar e achei muito material norte-americano porque a gente não tem muita coisa aqui. Eu me identifiquei com a metodologia, vi que era isso que eu precisava e fui fazer o curso com o Paulo. Aí as coisas começaram a andar numa sintonia e num ritmo muito bom.
Em que a Formação em Mentoring agregou ao seu trabalho?
Primeiro agregou demais na minha vida, me deu uma clareza do quanto é importante você ter um plano de desenvolvimento de vida. Mudou totalmente meu perfil profissional. Quando eu fiz a Formação, em 2018, eu não tinha nem ideia de que isso se tornaria a minha principal fonte de renda. Em 2017, eu estava sofrendo. Depois do processo de coaching eu tinha carregado meia bateria e, quando eu fiz o curso de Paulo, foi como se abrisse uma janela e eu comecei a enxergar coisas que não enxergava.
Hoje, como você aplica o que aprendeu no curso?
Eu divido o trabalho com os clientes em 2 momentos: a conexão pessoal e a conexão profissional. Geralmente, a pessoa entra em contato perguntando qual o valor. Como eu estou online, eu tenho uma apresentação que explica como funciona o atendimento. Então a gente faz uma primeira reunião para eu explicar o processo todo, as regras com relação aos encontros, tudo. No final, eu envio a apresentação para a pessoa e peço até 48 horas para enviar um orçamento do plano de trabalho com tudo bem detalhado, os temas, as entregas em cada momento. E aí a pessoa marca o primeiro encontro, que é o de conexão pessoal. A pessoa responde o questionário da Avaliação DISC, é gerado um relatório, que eu leio, analiso e marco outro momento para fazer a devolutiva comportamental. A partir daí é que a gente inicia a conexão profissional.
O meu foco hoje são arquitetos, designers de interiores e engenheiros. Mas amigos de outras áreas perceberam minha mudança e começaram a me buscar para desenvolver sua missão através do processo de mentoring.
Tem algum caso especial que você gostaria de compartilhar?
Tem. Juliana Ferreira é uma arquiteta extremamente capaz, organizada, disciplinada. Ela é de Gravatá e trabalhava em uma salinha nos fundos de uma construtora. Ela tinha duas pessoas trabalhando com ela. E quando terminou o primeiro momento de mentoring, ela conseguiu abrir seu próprio escritório e começou a desenvolver novos produtos. Hoje ela é responsável por um blog sobre gestão para escritórios de projetos e a equipe dela hoje tem 5 pessoas. Juliana é um caso prático de uma pessoa que tinha organização, mas não tinha um direcionamento, uma missão. É um case que eu acho fantástico porque ela saiu de uma salinha apertada, abriu sua própria sede numa casa que ela reformou para isso, triplicou o faturamento, triplicou a equipe. Aí hoje eu falo: “Ju, isso foi depois de eu entrar na tua vida?” (risos)
Deve ser uma satisfação ver o crescimento dos seus clientes…
A melhor parte é ver que aquelas lágrimas que eu derramei lá em 2017 outras pessoas não vão precisar derramar.
Qual era sua principal dor naquele momento?
Eu me sentia muito só, porque não tinha ninguém para me orientar. Nós, como seres humanos, fomos feitos para viver em sociedade, mas o mercado é muito cruel porque ele força você a fazer as coisas sozinho, porque você fica com medo que outra pessoa descubra o que você está fazendo e roube suas idéias. Eu queria muito que alguém tivesse chegado para mim e dito: o caminho não é esse. Ou que tivesse feito perguntas estratégicas e me fizesse refletir. O processo de mentoring resolveu primeiro a minha própria dor, a dor de me refazer profissionalmente e de não poder contar com ninguém. A dor maior era: “Por que que eu fiz arquitetura? Eu não vou morrer fazendo isso (projetando). Por que eu não consigo sair do lugar?” Essas questões me atormentavam e eu não tinha ninguém para me ajudar.
Você precisava de um mentor (risos) …
Eu precisava de um mentor na minha vida, alguém que me dissesse “não vai por esse caminho”. Eu acho que as pessoas se isolam muito, ficam no casulo, têm medo da concorrência. Eu trabalhava muito e não via o resultado compatível. Dava para ver que tinha alguma coisa errada. Mas qual era o certo? Isso eu não tinha ninguém para me auxiliar.
Nessa época de questionamentos, você já tinha 13 anos de graduada em arquitetura…
Isso, mais de uma década. Eu pensei em fazer outro curso. Foi quando Adriana disse: “Tathi, você não precisa jogar sua carreira fora, você pode agregar outras coisas nela. Foi através da mentoria que eu agreguei à minha profissão, à arquitetura, um significado.
E, para o futuro, quais são os planos?
Meu sonho é levar a mentoria para o prestador de serviço, a base operacional da construção civil, o marceneiro, o pedreiro, o eletricista. Me aguarde que eu vou conseguir! (risos)
Como você pensa em fazer isso?
Quando eu comecei o projeto social Mais Casa Viva, voltado para esse público, eu vi como o setor é extremamente carente. As pessoas pensam que esse não é um público para se investir. Mas eles estão extremamente abertos para receber informações e conteúdos. Só que o que chega para eles é um conteúdo formatado como se fosse para um engenheiro, um médico. Assim eles não entendem. Não é feito para eles. Como eu já tenho acesso a essas pessoas, eles me procuram para saber como organizar a agenda, para solucionar questões diversas, para saber saber dizer não … Eu penso assim: se eu passei 13 anos sofrendo em busca de respostas e consegui encontrar através do mentoring, porque essas pessoas também não podem usufruir dessa ferramenta?
Hoje você mora em Barcelona e seus mentorados estão no Brasil. Você trabalha através da internet, mas pretende investir no mercado local daí?
Eu comecei a fazer algumas pesquisas para conhecer o mercado de arquitetura de Barcelona para poder ver a aplicabilidade do mentoring aqui. Além disso, eu também estou estudando espanhol em paralelo para poder atuar com os profissionais daqui.
E, pelo que você tem visto, as pessoas em Barcelona já conhecem o mentoring?
Eles não têm a percepção do que é mentoring ainda. Eles ainda confundem com coaching. Aqui as pessoas estão mais na linha do autoconhecimento: yoga, mindfulness, PNL, inteligência emocional. Todas as vezes em que eu fui falar sobre mentoring para arquitetos, a pessoa pensava que eu estava falando de coaching. Existe aqui uma Associação de Mentoring a nível nacional. Eu cheguei a conversar com o presidente da instituição durante um evento e pude perceber que é algo que ainda está em crescimento. A Associação é bem recente, foi criada em janeiro deste ano. A cada 15 dias eles realizam encontros, já me associei e, no próximo, vou apresentar minha experiência com o mentoring.
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