O que faz um mentor em uma organização?

O que faz um mentor em uma organização? Essa é uma dúvida frequente de quem tem interesse pelo processo de mentoring organizacional. Costumo responder essa pergunta usando como base um modelo de atitudes e do comportamento do mentor, que chamamos funções de mentoring. Ele foi inicialmente concebido pela norte-americana Kathy Kram, aprimorado por vários estudiosos e eu fiz algumas adaptações para a cultura brasileira. Observe a seguir.

Funções de trabalho e carreira

Também conhecidas como funções instrumentais, elas ajudam o mentorado a dominar o conhecimento necessário para desempenhar o seu trabalho e o preparam para crescer na organização e na carreira.

  • Orientação: Uma função básica que o mentor exerce é a de orientar. Orientação, aqui, tem um significado bem diversificado: fornecer treinamento, instruções, dicas, atalhos, recursos (como planos de ação) e desafios que serão úteis para o mentorado adaptar-se à condição que deseja e evoluir na direção de alcançar seus objetivos relacionados com o trabalho e com a carreira.
  • Proteção: Principalmente no início do processo de mentoring, o mentor contribui para que o mentorado não cometa erros técnicos ou de conduta. Evita que o mentorado se aventure a fazer coisas para as quais, sob o ponto de vista do mentor, ainda não está preparado. O mentorado, assim, afasta-se de riscos que, se não fossem superados, poderiam comprometer a sua imagem e o seu crescimento na organização.
  • Exposição-e-visibilidade: À medida em que o mentorado segue atingindo níveis mais elevados de desenvolvimento, vai passando mais segurança para o mentor. Este, então, passa a criar oportunidades para que o mentorado se exponha e demonstre suas competências perante superiores e pares. A exposição-e-visibilidade, dessa forma, funciona no sentido oposto da proteção.
  • Patrocínio: A evolução do mentorado chega a um ponto em que o mentor passa a patrociná-lo, por merecimento. Isso significa que o mentor, dentro das suas possibilidades, defende para o mentorado oportunidades ou posições e cargos de maior relevância na organização.

Funções socioemocionais

Quando falamos de mentoring, tratamos de um processo que ocorre em um relacionamento interpessoal. E nesse contexto precisamos considerar um elemento fundamental: a emoção. Kram afirma que as funções socioemocionais aprofundam o relacionamento e ajudam a aprimorar no mentorado o seu senso de competência, identidade e eficiência em um papel profissional. Isso lhe dá mais segurança para realizar aquilo que anteriormente não se sentia capaz de fazer. Também são chamadas de funções psicossociais.

  • Aceitação: Essa é uma outra função básica do mentor. O mentor verdadeiro é capaz de aceitar o outro a quem ele está predisposto a ajudar. Ele acolhe o mentorado. Não faz prejulgamentos. Trata de igual para igual, sem hierarquia, deixando o mentorado à vontade para ser quem ele realmente é.
  • Escuta-e-aconselhamento: O mentor pratica a escuta ativa, reflexiva. Recebe o mentorado, ouve em profundidade as colocações do mentorado. A partir daí desenvolve diálogos em que vai construindo um processo de aconselhamento. O mentor até compartilha casos pessoais e profissionais ocorridos em sua vida, como fonte para gerar reflexões no mentorado.
  • Confirmação: Na medida em que a relação vai acontecendo, o mentor pode começar a admirar o esforço e a dedicação do mentorado. Por sua vez, o mentorado pode perceber a dedicação que o mentor tem para desenvolvê-lo. A confiança entre eles vai aumentando. E no mentor acontece o que se chama confirmação: ele passa a ter um interesse genuíno, autêntico no sucesso mentorado. É mais que a aceitação, que tem caráter geral. É um sentimento dirigido especificamente àquele mentorado. O mentor confirma o mentorado em seu contexto de trabalho e até mesmo em sua vida (sim, isso pode acontecer).
  • Abertura para o relacionamento: Ao longo das sucessivas interações entre mentores e mentorados, podem ocorrer variados graus de abertura. Sendo assim, os relacionamentos podem evoluir para uma abertura pequena, dando a eles, entre si, uma condição apenas de “conhecidos”. Mas podem evoluir para um patamar de colegas. E podem chegar a diversos graus de amizade, até mesmo a uma amizade profunda. Lembro que, em pesquisas que fiz, identifiquei fortes amizades que já duravam décadas e haviam começado como relacionamentos de mentoring.

Função modelar

Na função modelar, o mentor exerce o papel de modelo, de exemplo para seu mentorado. O mentorado admira o conhecimento que o mentor tem e quer assimilar todo aquele conhecimento. Ele também pode admirar comportamentos que o mentor tem e tentar se comportar daquela mesma maneira. Eu já ouvi muito de mentorados: “Eu quero ser igual ao meu mentor”. E muita gente começa imitando realmente aquele que é sua referência. Só mais adiante é que vai criando um estilo próprio. Na minha vida isso aconteceu também. Recordo que, quando comecei a ensinar, vez por outra eu me flagrava imitando até certos gestos de um grande professor que foi meu mentor.

E agora? Ficou mais claro como atua o mentor dentro de uma organização? Para ter um entendimento mais completo, sugiro a leitura do nosso e-book O Poder do Mentoring nas Organizações. Você pode baixá-lo gratuitamente agora mesmo pelo link a seguir.

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