No ambiente organizacional e na vida em geral, uma das funções mais difíceis de serem desempenhadas é a de líder. Existem diferentes tipos de liderança. Gosto de abordar esse tema utilizando uma classificação bem simples, que segue dois modelos: comando-e-controle e desenvolvimento.
O líder comando-e-controle, que é o mais tradicional e prevalente nas organizações, exerce o seu papel pela imposição e pelo receio que os liderados têm dele. Suas características fortes são o foco na técnica e na gestão da tarefa. Esse tipo de líder espera que sua equipe esteja sempre em posição de obediência e pouco incentiva os liderados a se desenvolverem.
Já o modelo desenvolvimento é totalmente diferente, pois se baseia no estímulo e na admiração. Esse tipo de líder entende que cada membro de sua equipe tem um potencial que pode ser desenvolvido, gerando resultados individuais e coletivos. Muito mais humanizado, ele cria um ambiente de apoio e de compartilhamento de experiências com sua equipe.
O líder mentor
É claro que as questões de liderança dependem de muitas variáveis e do contexto em que ela precisa ser exercida, mas não é difícil imaginar que, na maioria das situações, o estilo de liderança baseada no modelo desenvolvimento gera melhores resultados para os indivíduos e as organizações.
Na minha opinião, o tipo de líder que mais se alinha com esse estilo é o líder mentor, pois ele se alinha com as atitudes e comportamentos de um mentor, as chamadas funções de mentoring. E o mentoring é uma metodologia altamente eficaz para o desenvolvimento de pessoas. Se você nunca ouviu falar no mentoring, leia este artigo para entender melhor como atua um mentor no ambiente organizacional.
Veja agora uma síntese das atitudes e comportamentos básicos do Líder Mentor:
- Demonstra aceitação, tendo uma atitude de acolhimento com o liderado;
- Orienta o liderado, oferecendo, inclusive, feedbacks construtivos e estimulando-o a se progredir;
- Serve de modelo para os liderados, sendo referência de saber e de comportamento;
- Escuta ativamente, dedicando atenção especial e exclusiva ao liderado quando fala com ele;
- Aconselha, sem oferecer fórmulas diretas. Ao invés disso, propõe autorreflexão, apresenta alternativas para decisões pelo liderado e compartilha exemplos de sua própria vida;
- Protege, dando sugestões ao liderado para evitar que este cometa erros comprometedores ou deixe de cumprir tarefas.
Há também funções avançadas. Elas não acontecem obrigatoriamente em toda relação, pois dependem da conexão emocional entre as partes. Mas, quando existem, elevam a relação a um nível de excelência. São elas:
- Exposição-e-visibilidade: o líder mentor indica ou cria oportunidades para o liderado demonstrar suas competências perante pessoas relevantes;
- Patrocínio: o líder mentor consegue oportunidades de crescimento para o trabalho e a carreira do liderado;
- Confirmação: surge no líder mentor um interesse autêntico, especialmente voltado para determinado liderado, resultando em dedicação ao sucesso deste;
- Abertura para relacionamento: até um limite em que não se prejudiquem as condições de trabalho, a relação entre o líder mentor e o liderado pode ganhar abertura.
A confiança como elemento chave
Um elemento fundamental para o desenvolvimento de uma relação de excelência entre líderes e liderados é a confiança. Sabemos que a confiança é uma construção a quatro mãos. Quero dizer: tanto o líder precisa confiar nos seus liderados, quanto esses precisam confiar e admirar o líder. E há maneiras de desenvolver isso. O artigo da última semana, Mentoring: como ocorre a confiança entre mentor e mentorado, explica em detalhes essa questão.
Líder mentor não significa líder “bonzinho”
Um perigo, ao se falar sobre líder mentor, é gerar a ideia de que se trata do tipo de líder que chamamos “bonzinho”, passivo, que permite aos liderados fazerem o que bem entenderem. Mas não é isso. Quando necessário, o líder mentor vai agir com firmeza e exercer o poder de sua posição para cobrar e também para punir. Mas apenas quando necessário. Seu comportamento geral não é esse.
Como qualquer líder, esse também está voltado para resultados, porém sua maneira de alcançá-los é baseada numa postura humanizada, que prioriza o bom relacionamento com cada indivíduo e com a equipe como um todo. Isso, porque ele sabe da importância da conexão interpessoal nas relações.
Tudo isso é um sonho?
Essa é uma pergunta que costuma ser feita pelas pessoas ao ter o primeiro contato com o conceito de líder mentor. Entendo o porquê dessa dúvida. É que vivemos em ambientes tão rígidos, em que prevalece o estilo de liderança comando-e-controle, que parece impossível colocar em prática o que você acabou de ler.
No entanto, eu reafirmo: é possível, sim, um líder atuar como um mentor de seus liderados. O líder mentor não é um sonho inatingível. É algo que pode ser realizado. Eu mesmo já tive líderes mentores que contribuíram bastante para o meu desenvolvimento e também já atuei como líder mentor.
Prova disso são os resultados obtidos pelas equipes que liderei e, principalmente, o reconhecimento dos meus antigos liderados. Muitos me procuram até hoje para conversar, pois se lembram do tempo em que vivemos uma relação líder-liderado saudável, de alto nível, baseada no mentoring. Outra prova, mais recente, são os resultados que conseguimos com o nosso trabalho de desenvolver líderes mentores nas organizações.
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