Considero importante estabelecer a distinção entre mentoring e consultoria. À medida que o mentoring vai se tornando mais conhecido, muitas pessoas confundem as duas coisas. Aliás, há vários casos em que o profissional está praticando consultoria, mas acha que está desenvolvendo um processo de mentoring. Por conta disso, é essencial definir os limites entre as duas atividades. Vamos comigo?
O primeiro aspecto que é preciso esclarecer é que atividades como dar uma aula, oferecer um treinamento ou tirar uma dúvida, por si sós, não configuram mentoring, tampouco consultoria. Um processo de mentoring requer relacionamento, interação entre mentor e mentorado por um período. Para que flua esse relacionamento é necessário existir uma abertura mínima entre mentor e mentorado. Essa abertura pode evoluir, influenciado positivamente atitudes e comportamentos do mentor no processo de colaboração com o mentorado. Na consultoria, o relacionamento é mais básico, o suficiente para que o consultor conheça os problemas do cliente e ofereça uma receita de soluções.
Segundo ponto: na consultoria, a solução está centrada no consultor. Eu contrato o profissional para resolver um problema meu, entrego a ele a questão e mostro o contexto. Ele, por sua vez, vai estudar, analisar e, com base no seu conhecimento e na experiência com o assunto, vai me entregar solução que ele considera mais adequada. Pode ser que a solução preveja a realização de um treinamento, a compra de equipamentos ou qualquer outra coisa, mas ela vem da cabeça do consultor.
Já no mentoring, o mentor trabalha para que a solução venha do mentorado. Apenas em casos específicos é que o mentor vai entregar a solução diretamente, conforme explico no vídeo a seguir. Mas, em geral, o mentor é uma figura que vai ajudar o mentorado por si mesmo a encontrar as respostas para suas questões.
Quando a relação evolui para um processo de mentoring
Às vezes, no entanto, pode acontecer uma coisa muito interessante. Em vários tipos de atividade, não só na consultoria, mas também no treinamento, na docência e no coaching, o cliente, o treinando, o discente ou o coachee pode apresentar ao profissional uma situação já vivida por este. O profissional, então, resolve compartilhar o que ocorreu com ele diante do problema e a solução que deu ao caso. Essa iniciativa pode inspirar o outro a encontrar uma solução para o que busca. Pode também gerar uma identificação com profissional, uma abertura relacional com ele e, assim, pode ir se configurando um contexto de mentoring.
Essa situação já aconteceu comigo algumas vezes. No vídeo a seguir, conto uma desses casos. Confira!
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