Em um artigo anterior, eu me dediquei a esclarecer uma dúvida muito comum na área de desenvolvimento pessoal nas organizações: a diferença entre coaching e mentoring. Quero deixar claro que meu propósito não foi e não é comparar as duas metodologias na tentativa de definir qual a melhor, até porque, pessoalmente, acredito que elas podem complementar e enriquecer uma à outra. Nesse sentido, vou abordar aqui como um coach pode expandir sua atuação utilizando o mentoring.
Escuto sempre relatos de coaches que se perceberam em dúvida na hora de escolher uma ferramenta para utilizar em certa situação com um cliente. Sem considerar aqui situações de início da carreira, isso pode ocorrer porque muitos profissionais restringem sua atuação à utilização das ferramentas de coaching, esperando que elas resolvam absolutamente tudo, e evitam utilizar sua experiência e intuição na hora do atendimento.
Compartilhando experiências com o coachee
Esse é o primeiro ponto em que o mentoring pode ampliar a atuação do coach. Obviamente, a intuição funcionará tanto melhor quanto maior for a experiência geral do coach e, particularmente, se ele tiver vivência na área em que se insere a questão trazida pelo cliente. Isso significa dizer que a experiência de trabalho e de vida também é uma bagagem fundamental para um bom coach.
Muitas vezes, compartilhar uma experiência semelhante à que o coachee está passando ou mesmo alertá-lo de forma mais incisiva para a consequência de uma decisão ou ação (ou da falta dela), posturas mais comuns no mentoring, podem gerar um efeito extraordinário. O coach e seu cliente não são máquinas programáveis trabalhando para que sempre uma determinada ferramenta dê certo. Muitos coaches “congelam” durante o trabalho exatamente porque pensam apenas assim.
Atenção: não abandone as ferramentas de coaching
Mas é preciso que o profissional esteja seguro para saber quando é mais adequado recorrer a recursos do mentoring. E chamo a atenção para o seguinte: não estou defendendo o abandono das ferramentas de coaching! Também sou coach e sei do imenso poder que elas possuem. Apenas defendo que ao lado das ferramentas possamos utilizar os recursos pessoais que temos − gerados por anos de acertos e erros na vida −, nos momentos em que entendermos que eles também serão poderosos.
Certa vez, em uma das turmas do curso Formação em Mentoring que ministro em várias cidades, uma aluna, após ouvir considerações que fiz, semelhantes ao que escrevi acima, exclamou: “Mas isso é libertador!”. Ela era uma coach que havia procurado o curso exatamente para conhecer alguma alternativa que a deixasse mais à vontade no papel de coach. Tempos depois, ela me narrou como estava fluindo muito melhor com os seus clientes e até passou a se apresentar também como mentora.
Construindo uma relação de confiança
Segundo a minha experiência, adotar essa postura mais flexível pode ajudar o coach a obter melhores resultados. E um grande diferencial do mentoring que pode ajudar nesse processo é a construção e o aprofundamento da confiança entre mentor e mentorado (assista ao vídeo). Acredito que, ao investir na criação de uma relação deste tipo com o cliente, o coach pode progredir ainda mais rápida e eficientemente no processo de coaching.
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